
O estilista espanhol Manolo Blahnik é dono de uma das mais proeminentes marcas de sapatos femininos. “Um belo par de Manolos é melhor que sexo”, disse Madonna. “Claro, dura muito mais”, completou Blahnik. Sarah Jessica Parker era uma “viciada em Manolo” no seriado Sex and the City, onde interpreta a protagonista Carrie Bradshaw. Na vida real, se tornou sua melhor garota-propaganda. Diana Vreeland e Lady Di não viviam sem os seus; Bianca Jagger e Jerry Hall descobriram que tinham mais uma paixão em comum. As sandálias e os sapatos mais cobiçados do momento são frisson, fetiche, sonho de consumo e símbolo máximo do mundo fashion. Manolo Blahnik é um artesão com olhar impecável para os detalhes tratando o pé como um objeto do desejo, que deve ser revelado e valorizado ao mesmo tempo. Seus croquis são tão coloridos e esfuziantes quanto os saltos que correm nos pés mais bem vestidos do mundo. Um ícone que tem, literalmente, todas as mulheres aos seus pés. Afinal, Manolo Blahnik não tem apenas uma clientela fiel, tem seguidoras.

A história
O estilista, filho de mãe espanhola e pai tcheco, nasceu em Santa Cruz de La Palma nas Ilhas Canárias no dia 27 de novembro de 1942 e foi criado em uma plantação de banana pertencente a seus pais. Graduou-se na Universidade de Genebra na Suíça com a licenciatura em literatura em 1965 e foi para uma escola de arte em Paris. Mudou-se para Londres em 1970 onde trabalhou como fotógrafo para o jornal local Sunday Times e imediatamente mergulhou no mundo da moda. O sucesso começou no ano seguinte quando ao encontrar-se, em uma visita a Nova York, com Diana Vreeland, então poderosa editora da revista Vogue norte-americana, mostrou-lhe, entre outros, alguns esboços de calçados, nada mais do que um hobby, na ocasião. Com sua fina percepção do que era talento e qualidade, a editora perguntou-lhe se podia fabricá-los. Começava então uma carreira rumo ao sucesso. Ao retornar para Londres começou a fazer sapatos para a loja Zapata. Uma curiosidade: o estilista começou sua fantástica trajetória desenhando sapatos masculinos na Inglaterra, mas redirecionou sua carreira por achar que a sapataria masculina era muito limitada.

Sua primeira aparição no mundo da moda foi em um desfile do estilista britânico Ossie Clark, em 1971. Os sapatos, com tiras de camurça verde e falsas cerejas, eram maravilhosos, mas os saltos, com cerca de 12 centímetros de altura, feitos de borracha, não eram, e entortavam nos pés das modelos. Entre elas estavam Bianca Jagger e Marisa Berenson, que apesar do problema, adoraram a novidade. Mas é claro que Blahnik percebeu que precisava aprender muito sobre sapatos, e foi estudar o assunto com um profissional. Em 1973 comprou a loja, localizada na Rua Old Church, região de Chelsea em Londres, com US$ 4.000 provenientes de um empréstimo. O sucesso veio rapidamente e logo passou a ter clientes fiéis desde celebridades do cinema e televisão à realeza. No ano seguinte tornou-se o primeiro homem a aparecer na capa da edição britânica da Vogue. Seu talento conquistou clientes como Jacqueline Kennedy e a princesa Diana.

Em 1978 ingressou no mercado americano criando uma coleção para a famosa loja de departamento Blommingdale’s, inaugurando, no ano seguinte, sua loja na Madison Avenue em Nova York. Na década de 80 criou sapatos para as coleções de Calvin Klein. A década de 90 começou com a inauguração de uma loja em Hong Kong. Nos anos seguintes o estilista foi responsável, em 1997, pela criação da coleção dos sapatos da marca Christian Dior. No início de 2003, os espetaculares sapatos do estilista foram o centro de uma exposição realizada no Museu do Design, em Londres, e também tema do livro Manolo Blahnik Drawings, escrito pelo jornalista de moda Colin McDowell. O que era um sonho de consumo exclusivamente feminino agora não é mais, afinal, no começo de 2008 o estilista lançou sua pequena coleção de sapatos masculinos.
As obras de arte
Objetos de desejo e fetiche de 10 entre 10 mulheres antenadas do mundo todo, os calçados de MANOLO BLAHNIK abusam de “ingredientes” como plumas, lantejoulas, laços, anéis, correntes, fitas, coral, renda, pele de crocodilo e avestruz, entre muitos outros. O estilista participa de todas as fases da elaboração do produto. Desde os primeiros croquis até a criação das campanhas publicitárias em que geralmente usa seus próprios desenhos. Tudo começa com ele mesmo, que desenha cada modelo, e depois o esculpe em madeira. A seguir, escolhe os materiais adequados a cada um e supervisiona todo o trabalho de fabricação. Suas criações, para muitos especialistas, são tanto moda quanto arte, por suas concepções ousadas e incomuns, pelas cores e materiais que utiliza, pelo acabamento impecável que dá a cada peça. O preço de suas pequenas peças de arte varia entre 300 e 5 mil libras (cerca de R$ 30 mil). Carinhosamente, ele chama suas criações de “meus sapatos estúpidos”, e tem, entre eles, os seus preferidos: o mais elegante é um modelo de cetim, para noivas; o mais estranho é inspirado numa bota Timberland, mas com salto de 8 centímetros; e o mais subversivo, jamais foi fabricado - em aço, alumínio e titânio, poderia machucar a mão de alguém no processo de produção. A cada coleção são lançados 250 modelos, produzidos em quatro pequenas fábricas nas cidades de Milão na Itália.

O começo da fama
Foi Bianca Jagger que faria com que o estilista começasse a ficar conhecido: ela usou uma de suas criações para uma noitada no Studio 54, a discoteca mais famosa de Nova York e do mundo, na época, e na qual entrou montada a cavalo. Impossível não notar o que usava nos pés, mas mesmo assim os calçados do espanhol continuaram ainda por algum tempo como uma espécie de segredo, conhecido apenas por modelos e estilistas. Até o dia que foi citado em uma famosa série da televisão inglesa. Tratava-se de Absolutely Faboulous, um corrosivo, irônico e irresistível retrato do mundo da moda e seus afins, sucesso mundial nos anos 80 e 90. A personagem principal da série, e igualmente sua autora, Jennifer Saunders, representavam o papel de uma perfeita vítima da moda, a quem nada impedia, nem seu físico um pouco avantajado, nem qualquer mínima dose de bom senso, de cobrir-se de grifes da cabeça aos pés, com os resultados desastrosos e cômicos que se possa imaginar. Ao citar Manolo Blahnik em um dos episódios de AbFab, como a série ficou conhecida, Saunders, na pele de Edwina, uma promotora de eventos de moda, lançava-o definitivamente para a fama.
A marca no mundo
Os cobiçados produtos MANOLO BLAHNIK são encontrados nas melhores lojas de departamento do mundo como Neiman Marcus, Bergdorf Goodman, Barneys New York, Saks Fifth Avenue e Bloomingdale’s, além de lojas especializadas e em 20 lojas próprias da marca espalhadas por países como Estados Unidos (Nova York e Las Vegas), Inglaterra, Hong Kong, Coréia do Sul, Cingapura, Rússia, Espanha, Turquia, Kuwait e Dubai. Anualmente a marca vende cerca de 100 mil pares de sapatos no mundo todo. Site:
http://www.manoloblahnik.com/
Fontes: as informações foram retiradas e compiladas do site oficial da empresa (em várias línguas), revistas (Fortune, Forbes, Newsweek, BusinessWeek e Isto é Dinheiro), sites especializados em Marketing e Branding (BrandChannel e Interbrand), Wikipedia (informações devidamente checadas) e sites financeiros (Google Finance, Yahoo Finance e Hoovers). Blog Mundo das Marcas.